Profª Drª Rosa Maria de Britto Cosenza.
Como professora de linguagem forense, nossa preocupação didática levou-nos a pesquisar os manuais dessa disciplina, comumente adotados nas Faculdades de Direito, e analisar processos judiciais, para ousar na busca de melhores técnicas de redigir e melhoria também no processo ou arte de bem interpretar.
Com o objetivo, pois, de reformulação das técnicas de ensino da linguagem forense, procuramos observar como essa linguagem tem sido deturpada através dos anos, justamente pelo uso robotizado da língua latina, que não mais faz parte de nosso ensino, mas permanece como marca de uma classe dominante e elitizada, e pelo mau uso do vernáculo, que se transforma sofisticadamente em uma linguagem não adequada
à objetividade das questões jurídicas.
Com base nas colocações de Pêcheux, de Fiorin e através da observação e análise do milenar discurso jurídico, que se caracteriza pela despersonalização dos actantes e a sacralização da palavra, táticas de distanciamento, que garantem a sua permanência como o fosso medieval que isolava os castelos, mantendo o povo à distância, procuramos mostrar as diversas estratégias que marcam esse discurso, na tentativa de encontrar o melhor caminho no processo de bem redigir e bem interpretar os textos jurídicos.
Sabemos que a palavra é o mais poderoso meio de comunicação, mas não ignoramos que pode ser também fonte de desentendimentos e arma poderosa para causar conflitos e traições. Ao advogado, como ao mestre, cabe a obrigação moral de bem conhecê-la para bem fazer uso dela, pois o instrumento primordial de trabalho desses profissionais consiste na redação e na interpretação de textos, bem como na oratória.
Sugerimos, pois, uma programação acadêmica que facilite o aprendizado da linguagem forense.