Em “O falecido Matias Pascal” quem narra as peripécias do livro é o próprio Matias – vivo, mas acreditado morto. Um toque pitoresco criado para o personagem por Pirandello. Já Machado de Assis foi além em “Memórias póstumas de Brás Cubas”. Quem conta a história é o morto. Markus Zusak foi mais longe, em “A menina que roubava livros” quem fala é a morte (a que melhor conhece o ser humano). Pois ela é quem, paciente ou impacientemente, nos apascenta desde nossos mais longínquos antepassados. A morte a tudo tem assistido desde sempre, acompanhando a combinação caleidoscópica-lotérica de nossa genética que culmina com o indivíduo – e faz a diversidade. Tão grande variedade de pessoas era demais até para sua cabeça. Quem vai morrer? Quem não precisa morrer? Difícil tarefa, pois aquele mesmo Homo que produz um Sócrates, um Newton, um Gandi, pode gerar um Nero ou um Hitler. Não tem nenhuma lógica. Como resolver? Tal situação lhe parecia indecidível. Pasma, então fala: “O ser humano me assombra”.
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Oie! Amei a postagem e achei demais o seu blog!
Obrigada pelas dicas!
Ana Paula